[F] Parque ~Entrada~

Wrath suspirou mais uma vez.

- Entendo. Você não pode ser chamada de vadia e simplesmente deixar assim barato. - ele abriu a porta do carona e a colocou no carona do carro. Deu a volta e se sentou na parte do motorista e ligou o carro, dando a partida. - Pelo visto você sabe lutar, para sair com só 2 machucados.

- Na verdade eu já estou acostumada a ser chamada assim... Só que eu não quero me sentir como uma vadia.- Admitiu suspirando. - Não gosto de sair batendo em qualquer um sem motivo, mas, ela realmente me irritou... Aquele tipo de riquinha mimada que só com um soquinho de merda se acha a grande... E sim eu sei lutar... Ela não teve o nariz quebrado atoa.- Enrolou uma mecha do cabelo entre os dedos sorrindo com a última frase.[/quote]

Estranho chegar no meio do ano... Depois de meio ano na Itália, irritando meu pai até conseguir com que eu voltasse, aqui estava eu. Agora o jeito era estudar para recuperar o tempo perdido.

A Itália até que fora divertida. Eu tinha que andar por aí com um dicionário, estava milagrosamente com 1,73m de altura e tinha conseguido fazer uma apresentação como protagonista em um grupo de teatro amador. Acho que não podia estar melhor, mas talvez eu devesse começar a me preocupar com o agora.

Objetivos do ano: me formar, tornar-me independente do meu pai e tentar conseguir o perdão de Louise. Eu tinha que estudar bastante, já arranjara um emprego de meio período como pianista em um restaurante.... O último era o mais difícil...

Suspirei. Tinha trocado meu vicio de balas por pocky, então peguei um em minha mala, comendo-o, enquanto entrava na universidade, conseguindo finalmente me livrar da minha escolta. Por que eles não podiam ser mais discretos?! Qualquer um olharia para um garoto envolto por quatro homens de terno e óculos escuros!

Bom, agora era só rezar para que ninguém tivesse notado, por mais improvável que fosse... Andei pelo parque me deparando com um objeto muito familiar. Meio estranho não terem tirado aquilo... Já faziam dois anos! O piano de cauda branco continuava ali... Ninguém se dera ao trabalho de livrar-se dele... Bom, já que estava ali, por que não tocar um pouco?

Sentei-me no banco, começando a tocar, enquanto comia os pockys, pegando-os nos intervalos maiores entre as notas.

Teve que parar na saída do jardim, mas a distância era suficiente para conseguir ouvir um sutil som de piano. Automaticamente desviou o olhar para lá. Então, ele realmente tinha voltado... Certo, talvez ter ido para a França não havia sido um total desperdício...

Suspirou, tentando recuperar minimamente a respiração. Não era uma boa ideia ficar sem ar, por mais que a súbita vontade de ir até ele fosse enorme. Relaxou um pouco com o timbre do instrumento. Realmente ele tocava bem, afinal.

Acabou aproximando-se. Talvez tinha um tanto de sorte graças ao piano estar virado para o outro lado... Não tinha tanta certeza do que falar... Encostou-se na árvore atrás do garoto, apenas observando-o. Era incrível saber que finalmente ele estava tão perto...

Esperou a música acabar, dando alguns passos meio hesitantes para aproximar-se do garoto. Tocou suavemente seu pescoço, enquanto a outra mão automaticamente cobriu seus olhos. Ah, que coisa infantil... Mas enfim, quem se importa?

Estremeci ao sentir ambos os toques.

- Olá, pessoa que eu não estou vendo no momento~ - dei um sorriso leve, alcançando a caixa do doce que eu me viciara, pegando um e o colocando na boca. - Quer? - estendi a mão com o pocky para a pessoa desconhecida.

Riu levemente. Dava mesmo para acreditar que ele era da Yakuza? Sinceramente, nem a garota conseguia acreditar nisso...

Agiu quase sem perceber, virando o rosto do garoto e mordendo o mínimo resto do doce que ainda estava em seus lábios, beijando-o suavemente. Certo, não negaria que sentira saudades daquilo...

Afastou-se devagar, fitando-o. Bem, os vícios tinham mudado, pelo visto...
Enfim, que seja...

Diverti-me ao ouvir o riso da garota, mas foi grande o susto ao sentir seus lábios colarem levemente aos meus. Senti minhas bochechas ficarem avermelhadas, já me preparando para começar meu surto resultante da vergonha.

Só acalmei-me ao ver Louise na minha frente. Ok, nem tanto, estava com um pouco de medo do que ela poderia dizer, afinal sumi sem dizer uma palavra e voltei meio ano depois tão de repente quanto fui... Era estranho fingir que nada aconteceu?

- Nee, sabia que é muita maldade roubar o pocky dos outros sem avisar? - manti o sorriso inicial, pegando outro pocky e o colocando na boca.

Estava meio em dúvida do que dizer... Deveria me desculpar? Começar uma explicação detalhada do que ocorreu? Fingir que nada aconteceu e falar normalmente com ela até a necessidade permitir? Perguntar como estava nossa relação? Perguntar como ela estava? Dizer apenas um simples "oi"?

Ok, estava voltando a ser o mesmo neurótico de sempre...

- Gomene... - Sorriu levemente, abraçando o garoto - Senti saudades... - Tocou seu rosto, em uma leve carícia - Mas não vou mais roubar seus doces, prometo - Riu, beijando sua bochecha - Fico feliz que você esteja bem~

Por mais que já soubesse disso antes e não precisasse se preocupar, acabava o fazendo... Ah, não dava para evitar, simples assim! Etto... Será que ele ficaria bravo ao saber o quê acontecera segundos depois de ter ido embora? Esperava que não... Simplesmente manteve o sorriso. Afinal, era bom estar novamente com ele...

- Também senti. Desculpe sumir de repente, não foi minha intensão. - sorri, fazendo carinho em seus cabelos. - Ah, sim, poderia não pedir para pessoas me vigiarem? É simplesmente irritante~ - falei em tom ameno, ainda sorrindo. - Não deveria gastar dinheiro com essas pessoas.

Foi difícil conseguir a informação de quem era o mandante dos homens que me seguiam, mas acabei deixando, quando descobri quem era... Se bem que continuo não achando bom ser seguido para todo canto...

Abordar aquele assunto fora uma boa ideia? Estavam acabando de se encontrar, afinal.... Bom, ainda era melhor que uma briga...

Mordeu os lábios, inclinando a cabeça para o lado, com um sorriso meio sem graça.
- Se você parasse de sumir... - Riu de forma meio travessa - Ou você acharia melhor eu ir para a Itália? Não seria uma má ideia - Selou seus lábios levemente - E pra falar a verdade, não gastei dinheiro - Pousou dois dedos na bochecha - Nyah, de qualquer jeito, desculpe - Baixou a cabeça, fitando o chão.

Enfim, pelo visto, ele havia ficado chateado...
Suspirou. E agora?

- Não vou. Ou pelo menos vou tentar. - apoiei minha cabeça em seu ombro. - Seria divertido encontrá-la na Itália~ - dei um pequeno riso. - Como não pagou? - eu também queria não pagar! Não gosto de gastar nessas coisas... - Não precisa se desculpar. Eu fiz o mesmo, não? - ela estava bem? - Nee, Louise, você sabe que eu não estou bravo nem nada, não é?

Estava tão feliz em vê-la que acredito que se ela me desse um tiro agora, eu não ia nem ligar.

Só não sabia se ela estava brava comigo... Sabe, não era a coisa mais prudente e gentil mudar de país sem avisar...

Ergueu o rosto levemente, tocando seus cabelos. Graças aos céus ele não estava zangado!
- Não paguei, ué. Eu tenho minhas artimanhas - Piscou o olho, rindo suavemente - Etto, eu reclamei na França, e fiz a mesma coisa... Desculpe.. E obrigada por não se chatear - Sorriu timidamente, abraçando o garoto - Fiquei tantas vezes pensando em ir mesmo te procurar... - Suspirou - Eu não sei o quê faria se te perdesse.. - Ajoelhou-se no banco, enlaçando seu pescoço com os braços - É tão bom te ter por perto de novo.. - Encostou-se levemente à ele.

Como dizer em palavras tudo que sentira?
Só tinha uma certeza: Era simplesmente impossível.

- Ah, assim também não vale! - fingi irritação. - Não tem porque eu me chatear. Estou com você agora, nada me faria mais feliz. - sorri de volta. - Eu também. Foi difícil ficar sem você... - tentei até me atolar no trabalho, mas era difícil, já que lá não acontecia quase nada! A abracei com força. - Acho que nunca fiquei tão feliz em ver alguém na vida. - acariciei seus cabelos levemente.

Saudades. Durante elas é um tormento, mas depois era um alívio indescritível.

Peguei mais um pocky, colocando-o na boca. Eu nao me cansava desse doce.

Afastou-se alguns centímetros, sorrindo suavemente. Ajeitou uma mecha dos cabelos do garoto por trás da orelha, tocando seu rosto em uma leve carícia. Há quanto tempo sentia saudade desse garoto? Não sabia. Uma eternidade? Talvez. Mas que importava, se agora ele estava ali? Poderia ser um sonho? Achava que não. Seria realista demais, afinal...

Abraçou-o, beijando o topo da sua cabeça levemente, mas não chegou a afastar-se. Na verdade, acabara aprendendo novamente o significado de ternura. Ou, na verdade, seria apenas de amor? Talvez os dois, quem sabe... Era tão bom tê-lo por perto novamente. Depois de tantas interrupções e problemas, parecia que finalmente poderiam voltar a se encontrar. Voltar a rir, talvez chorar. Dar apoio? Em parte...

Afinal, depois da tempestade, vinha a calmaria, não é verdade?
Não poderia perder completamente as esperanças de que as coisas poderiam se firmar um pouco...
Bem, só restava torcer, apesar de tudo.
Daria realmente certo?

Sorri, a abraçando pela cintura. Queria outro do meu doce viciante, mas a caixa estava vazia. Sem largá-la, tentei pegar mais uma caixa na mochila e é claro que genialmente eu não calculei a distância da mala e caí do banco e para melhorar a situação, a levei junto, sentindo seu peso sobre mim.

- Então, como está indo a vida? - ri, sabendo que ela estava bem, por cair no macio. Alcancei a caixa de vício açucarado, abrindo e comendo um pocky.

Espera, tinha pensado em calmaria? Podia esquecer agora mesmo. Não tinha como ter algo calmo com duas pessoas azaradas juntas. Começou a rir, não deu para evitar.
- Certo, dê um descanso para si próprio - Saiu de cima dele, pegando a caixa do doce - Antes que consiga virar diabético em menos de três dias. - Para falar a verdade, não sabia como esse garoto ainda não tinha diabetes! Ele basicamente só engolia doces, deuses!

Deitou ao seu lado, apoiando os braços na grama, mexendo os dedos pelas mechas do garoto.
- Nee, por favor, me diga que você comeu algo que não fosse açucarado na viagem... - Se não tivesse, tiraria os doces dele por uma semana, no mínimo. Pode apostar. Bem, não era exatamente a hora de pensar nisso, right? - Mas enfim, se divertiu, ao menos? - Sorriu carinhosamente.

Parando para pensar... Será que Mason poderia dar um surto?
Well, era melhor realmente esquecer disso no momento...

Ah... Então é aqui?

O ruivo fitava a estrutura da faculdade logo adiante. Havia ouvido falar de uma garota meio desastrada. Ruiva. E, certo, também chegaram a falar peituda, mas iria ignorar... No entanto, o quê chamara realmente sua atenção fora o nome. Angelina. Poderia ser sua irmã, afinal? Fazia tanto tempo que não a via...

Seus pensamentos foram cortados ao notar uma coloração meio vermelha. Automaticamente virou o olhar naquela direção. Hã, certo, aquela não seria ela de jeito nenhum. Observou a garota socar o muro.

Deu um suspiro entediado, acabando indo até ela, com as mãos nos bolsos.
- Hey, está tentando quebrar uns ossos? Existem métodos mais eficientes - Sorriu suavemente, tomando a mão da garota levemente, procurando algum machucado - Você está bem? As pessoas não costumam sair socando as paredes à toa...

Olhou para a garota de um jeito pidão, querendo o doce de volta.

- Eu estou bem. Como assim há anos. - e já fazem uns quatro ou cinco anos que eu não vou no médico... - Ah, eu comi alguns salgadinhos e um misto quente... - e o resto foram balas e pocky... - Ah, sim. Só que eu quase não consegui aprender nada de italiano. Foi um sacrifício tentar... Mas pelo menos eu sei ler falas e fingir que sei alguma coisa de italiano~ - Discretamente alcancei minha mala, pegando mais uma caixa e comendo outro pocky.

Estou prevendo desastres... Ela vai sumir com meus doces... Mas eu quero mais um... Comi mais. Agora sim eu vou levar bronca...

- Ethan, você comeu alguma coisa minimamente saudável? - Fitou o garoto, meio preocupada. Sinceramente, duvidava muito...

E deveria saber que ele provavelmente teria, no mínimo, mais três caixas na droga da mala.
- Eu faço isso porquê me preocupo com você - Baixou o olhar - Não quero que fique doente por causa de uma besteira que poderia evitar... - Acariciou levemente seu rosto, tocando seus lábios por um tempo, tentando minimamente pará-lo um pouco.

Suspirou. Ele realmente era incontrolável nesse aspecto?

Arqueou a sobrancelha quando a garota puxou a mão.
- Não estou pensando em te arrastar pelo punho para um sequestro, okay? Não precisa ficar assim - Se encostou na parede - Tente não sair socando os lugares quando estiver com raiva, a pessoa não vai ficar mal por te ver desgastando a si própria, sabe? - Deu de ombros - De qualquer jeito, que bom que foi só algo passageiro, pelo visto... Certo? - Fitou a ruiva.

Ela parecia animada... Principalmente para quem acabara de socar uma parede.
Na boa, se aquilo doeu, ela era masoquista...

- Ah, acho que não... Normalmente eu como o que tem disponível... Não me preocupo com essas coisas... Nunca fiquei doente por causa de comida. - acho que comida era o menor dos meus problemas...