Apartamento do Hijikata

Por sorte de Hijikata já estava tudo arrumado. Só precisavam entrar para morar e foi isso que fizeram. As malas de Hijikata já estavam lá. O andar de cima eram os quartos, um em frente ao outro.

- O seu quarto fica no da direita. - falou normalmente. - Qualquer coisa me chama, vou estar na sala.

Comecei a arrumar minhas coisas direitinho. Separei algumas roupas para passar ferro, já que amassou. Dobrei, pendurei, enrolei e aos poucos fui colocando nas gavetas e armários. Fiquei um bom tempo fazendo isso e já estava escurecendo quando terminei tudo, até de passar ferro.

Sai do quarto e fui para a cozinha fazer a janta, que seria um macarrão simples, não estava muito a fim de cozinhar.

Hijikata ficou na sala com o notebook na mesa escrevendo o seu nome livro. Ele ficou ali o resto do dia, ele nem sequer percebeu que Akane estava na cozinha fazendo comida. Quando seu estomago roncou, ele se levantou e espreguiçou igual ao gato. Foi quando se deu conta que já estava de noite.

"Acho que está na hora fazer a janta."

Ele foi para a cozinha quando se deparou com Akane cozinhando.

- Eu ia fazer a comida. Perdi a noção da hora enquanto escrevia. - ele se aproximou dela. - Precisa de ajuda? Vai cozinhar o que?

- Não precisa, é só macarrão. Vai ficar pronto logo. Vai arrumando a mesa.-pedi, mexendo no molho da panela.

Após terminado e arrumado a mesa, coloquei a panela de macarrão, o de molho e o potinho com queijo ralado na mesa. Servi-me e comecei a comer.

- Tudo bem. - ele arrumou a mesa.

Os dois começaram a jantar, o silêncio pairava na cozinha. Hijikata estava apenas pensando no livro e deixando a Akane "livre", pois ele a observava em relação a bebida e os machucados.

- Amanhã, eu vou dar uma passeada noturna.-disse, avisando-o.- Não vou fugir.-completei, comendo o macarrão, sem olhar para ele.

Ele olhou para ela.

- Tudo bem. Provavelmente ficarei acordado até tarde por causa do livro. - continuou comendo, seu rosto aparentava frieza como sempre.

Dei de ombros e continuei comendo. Tão logo terminei, levantei, lavei a louça e voltei para o quarto, me trancando, sentada de joelhos dobrados, olhando para o vazio do quarto, tomado pelo tédio.

Hijikata terminou de comer e voltou a se concentrar no livro, ao melhor em parte.

"Por que diabos ela quer sair a noite?"

Porcaria, outro pesadelo durante o sono, outro tempo de choro e cansaço por ter de acordar. Fiz o café da manhã para nós, principalmente café puro para eu ficar acordada. Sou tão vagabunda que eu não sei o que vou fazer pelo resto do dia até chegar o horário certo. Deitei a cabeça na mesa, pensativa, olhando para a minha caneca de café, que ainda saia fumaça.

Hijikata depois de tanto escrever foi dormir, no outro dia acordou com a mesma rotina. Escrever e comer pouca coisa. Ficou sentado na sala concentrado em seu livro até a noite. Queria perguntar a Akane onde ela iria, mas preferiu não invadir a privacidade dela para não ter briga novamente.

Acabei compondo música até dar o horário de trocar de roupa, tomar banho e etc. Sai do apartamento sem dizer nada e fui para o local marcado pelo velho.

Tive que fazer algumas coisas humilhantes para ele, devido a demora de poder atender aos caprichos dele. Isso sem contar o chicote, que deixou ainda mais marcas de cortes pelo corpo. Noites assim sempre me deixavam ainda mais revoltada e fria. Era meia noite quando a sessão acabou. Cochilei até a 1 hora da madrugada. Quando acordei, tive que tomar banho e estancar o sangue que saia das feridas. Ainda bem que optei por roupa que cobria toda a minha pele, até o pescoço, pois tinha marcas. Peguei o cheque, tinha metade do valor que costumava receber. Abaixei os olhos, cansada e não querendo voltar para aquele apartamento. As 3 horas eu estava de volta.

Hijikata sentiu sono e parou a de escrever salvando o arquivo e deligando o computador. Isso já era 3 horas de manhã. Quando Akane chegou. Ela tinha a cara de cansada.

- Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupado.

- Não aconteceu nada, só andei demais. Boa noite.-respondi de olhos fechados e subi as escadas.

Hijikata subiu atrás dela e a segurou pelo ombro.

- O que houve? Você não está com uma cara boa. - falou sério.

- Só estou cansada, Hijikata. Nada que uma boa noite de sono não resolva.- fitei-o fria e tirei a mão dele do meu ombro, continuando a andar para o meu quarto.

Hijikata ficou observando ela e notou uma mancha que parecia ser sangue nas suas costas.

- Akane espere. - ele falou se aproximando antes que ela entrasse no quarto. Com o braço na porta impedindo a passagem, com a outa mão ele levantou a parte de trás da blusa, ficou espantado com os machucados. - O que é isso? - falou surpreso e segurou e a puxou em direção ao banheiro. Ao chegar lá, pegou uma toalha e a molhou na pia. - Tire a blusa! Deixe eu cuidar desses ferimentos. - ele falou de forma preocupada.

Olhei para ele quando pediu para esperar, não pude fazer nada quando puxou minha blusa e viu os cortes nas costas. Arregalei os olhos e me puxou para o banheiro, mandando tirar a blusa.

- E-Eu...-droga, nenhuma justificativa vinha na minha mente e pensei que tinha parado de sangrar no banho.

Por que não estou nervosa ou irritada? Eu poderia muito bem sair correndo do banheiro e me trancar no quarto. Não acredito que estou amolecendo com esse cara. Hesitei em tirar a blusa, pois Hijikata veria os outros cortes e os chupões no pescoço e me faria um monte de pergunta. Pensando bem, sai do banheiro e me tranquei no quarto. Tudo menos revelar as outras feridas.

Ela saiu do banheiro e foi para o quarto, ele foi atrás dela, mas descobriu que a porta estava trancada.

- Akane abre a porta. Preciso cuidar desse machucado. - som tom de voz era de preocupação. - Vamos Akane abra! Senão vou ter que dar um jeito de derruba-la.

Hijikata estava muito preocupada com ela e com aqueles ferimentos.

- E-Eu...eu posso deixar você cuidar das feridas, só que...só que não quero que pergunte nada...-disse, com vontade de chorar.

Eu estou muito estranha hoje. O que eu não daria por um uísque agora.

- Eu estou preocupado com você. - revelou. - Deixe-me cuidar das suas feridas. Não vou ficar te criticando por que a ultima coisa que você precisa ouvir. - falou de forma de acolhedora. - Vamos abra a porta.

Abri a porta devagar e sem encará-lo. Fui para o banheiro do corredor e hesitante, tirei minha blusa. Sentei na privada, de frente a caixa, para que Hikijata pudesse fazer os curativos e me debrucei sobre a caixa, escondendo o rosto.

Ela finalmente deixou ele cuidar dela. Hijikata pegou a toalha molhada e limpou as costas.

- Se me responda se você se feriu porque quis ou alguém fez de proposito? - perguntou preocupado.

Terminou de passar o pano e pegou uma caixa onde estavam os curativos.

- Não vou responder nada.-disse e continuei parada, com o rosto sobre os braços.