Apartamento dos Nakano.

Voltei correndo para o dormitório. Não sei o quanto chorei, o quanto minha cabeça doeu... O quanto eu sofri por sua causa. A única coisa certa era o comprimido branco...

Dias se passaram, a preocupação venceu e fui atrás de Mason... Não havia notícia nenhuma, não sabiam de nada, a mesma coisa para Meredith.

Chorei por noites seguidas, era difícil de sentir fome e ia para a enfermaria com frequência. Quase sempre era o mesmo motivo, mas, eu não conseguia me importar.

Mason realmente... Tinha me abandonado? A décima sexta semana chegava mas, ao invés de me importar estava mais preocupada em me lamentar.

Chegou a ponto de eu ser praticamente levada pelo meu avô para sua casa, enquanto o mesmo xingava Mason de todos os nomes possíveis e impossíveis.

Nesse mesmo dia decidi me conformar, e foi quando eu percebi o quão magra eu tinha ficado. Voltei a me exercitar e tentei o esquecer, mais de um mês se passou e a décima sexta semana apareceu como num passe de mágica.

Ao invés de receberem um feliz casal, eu fui sozinha para a obstetra. Ela não disse nada, apenas me deu uma bela bronca e foi me examinar.

Suspirei em alívio quando soube que as crianças estavam bem, e quando descobri que eram duas meninas chorei, tanto em felicidade quanto desgosto. Ele tanto quis que fossem meninas...

"Será que ele nunca pensou no quanto eu iria sofrer?" Era tudo que eu me perguntava, enquanto olhava para o teto do quarto de hóspedes do apartamento de vovô e vovó. Acho que fui realmente tola em pensar que ele cumpriria a sua promessa.

Quase um mês fora. Incrível como uma viagem me fazia bem, me sentia renovado, me sentia bem.. Tudo estaria melhor se estivesse com Elizabeth. Durante o voo pensava em um jeito de pedir desculpas, por ser um idiota e por ter sumido sem dizer nada. Mas eu iria explicar a ela e ficaria tudo bem.. Tinha que pensar positivo. Ao sairmos do aeroporto, Meredith e eu fomos direto para a universidade, mas não a encontrava lá. Suas colegas do curso disseram que ela passava muito mal e estava sempre na enfermaria, e por esse motivo, seus avós haviam ido a buscar.

Era minha culpa.. Ela não poderia ter pensado que eu abandonaria ela não é? Não pensei duas vezes, e corri para a casa de seus avós, sabia muito bem o caminho.

Ao ficar de frente com a porta, respirei fundo e bati devagar. Algo me dizia para não receber boas vindas.

Estava na sala com vovô conversando um pouco mais animada. Ainda estávamos extasiadss pelas pequeninas que iriam nascer. Logo ouvimos o som da porta batendo e vovô foi atender, mas, assim que ele abriu a porta, fechou-a na cara do indivíduo.

- Quem era? - Perguntei confusa, meu avô não disse nada, apenas me arrastou para o quarto, dizendo que eu ficasse por lá.

O 'simpático' senhor ao me ver fechou a porta. Bati novamente, iria insistir.

- Eu vim ver a minha noiva. - disse mais alto, enquanto batia sem parar na porta.

- Volte um mês atrás que você pode vê-la. - Ouvi meu avô dizer irritado. E-era realmente Mason ali? Sentei na cama, me encolhendo, não queria o ver... Ele não pode vir aqui achando que iria ficar tudo bem e que eu iria ficar super feliz em vê-lo. E-ele me largou e não pode simplesmente... Aparecer do nada.

- Eu já disse que quero falar com Liese. - disse um pouco irritado mas ainda tentava me controlar. - Tive que fazer uma viagem de última hora com minha irmã, para resolver problemas familiares pendentes. - olhei para o lado, e logo voltei a encarar o Senhor. - Eu preciso falar com Elizabeth, e só saio daqui se ela disser na minha cara que não quer me ver. - disse o encarando.

- Você não acha que a fez sofrer demais não?. - O ouvi dizer, apenas me encolhi mais. - Bela desculpa essa sua, uma viagem tão boa e séria que você não pode comentar a sua NOIVA grávida de GÊMEAS que ia embora. Deixou ela sozinha, passando mal com a pressão nas alturas! Não foi você que teve que arrasta-lá para sua casa ou tentar fazê-la comer alguma coisa, quer saber?! Vai amolar outra garota. - Ele terminou, trancando a porta mais uma vez.

O homem voltou a ser rude e trancou a porta. Espera.. Ele disse gêmeas? Eram meninas como eu queria.. Dei um sorriso feliz, que morreu ao pensar no quanto Liese sofreu. Eu sabia que ela não podia ter fortes emoções e provoquei a pior. Mas queria uma chance para falar, para me explicar.. Eu a deixaria em paz somente se ela falasse isso para mim. Suspirei, e bati na porta.

- Elizabeth Cooper, eu sei que você está se escondendo de mim, mas preciso falar com você. E posso passar a noite toda aqui fora, ou dias.. Você não pode ficar ai para sempre. - disse bem alto.

As palavras de Mason de certa forma me instigaram, levantei e fui até vovô que parecia muito irritado.

- Vou falar com ele... - Disse baixinho, ele sussurrou querendo me convencer do contrário, mas, mesmo assim me mantive firme, o idoso suspirou e saiu. E logo abri apenas uma fresta da porta.

- Mason pare por favor... E-está incomodando os vizinhos. - Disse com a voz fraca, segurando a porta com força.

Liese abriu apenas uma brecha da porta. Acabei sorrindo ao vê-la, mas o sorriso em meu rosto se apagou quando percebi o quão magra estava, não parecia a Liese da última vez.

- O que aconteceu com você? - perguntei preocupado. - Nós precisamos conversar Liese.. - estendi a mão para ela. - Venha comigo, vamos para a universidade, ou para um hotel.. Para qualquer lugar que possamos conversar. - pedi.

- Você sabe o que aconteceu Mason.... - Disse um pouco irritada. Logo ouvi sua pergunta.
- Tudo bem... - Disse hesitante, apesar de não querer falar, acho que deveria lhe dar uma chance para falar.

Sorri para Liese e adentrei o braço pela brecha da porta, segurei sua mão. Mas algo me fez a soltar, algo que me perturbava a semanas desde que havia viajado. Soltei a mão de Liese e levei a mão na testa. Maldita dor. Encostei na parece por um momento, respirei fundo e fechei os olhos.. Desse jeito sempre acabava melhorando.

- M-Mason você está bem?! - Exclamei saindo de dentro do apartamento e o olhando preocupada e hesitante.

- Estou.. só uma dor de cabeça que tenho sentido as vezes.. Ela já passa. - permaneci com a mão na frente do rosto e os olhos fechados, apertava as pálpebras como se pudesse adiantar algo. Era tão errado, que as dores adoravam errar de momento.

- E porquê ainda não foi ver isso no hospital seu idiota?! - Exclamei irritada. Querendo arrasta-lo para um imediatamente.

- Acha que Verônica não me levou a um? - perguntei irônico. Havia passado uma noite e m claro com terríveis dores e foi o suficiente para minha mãe querer me levar ao hospital as pressas. - Fizeram exames, e até tiraram raio x, mas não havia nada de errado. Me disseram que sumiria em alguns dias, mas parece que tende a piorar. - suspirei. Talvez fosse melhor descansar e conversar com Liese depois.

- Então era isso que você tinha a me dizer? - Disse não gostando do jeito que havia falado. Apesar de ainda estar preocupada com o mesmo.

- Não - tirei a mão do rosto e encarei a claridade do corredor, que me fez sentir uma pequena pontada na cabeça e recuar. - Liese.. eu queria conversar sobre o ocorrido..Sobre o porque de eu ter viajado.. E me desculpe se não te avisei. Achei que um tempo longe de mim te faria bem. - olhei para baixo.

- O que te fez pensar nisso? - Disse magoada me segurando para não chorar. - Eu não sei o que você foi fazer por lá, mas, você me deixou sozinha por mais de um mês! Como eu vou acreditar que você vai estar do meu lado quando eu precisar?! Você não esteve comigo num momento difícil demais para mim... Você nem esteve comigo quando fui ver o sexo das nossas filhas! Você quer que eu me sinta melhor Maso?! ME DIZ SE ISSO IA ME FAZER MELHOR! - Não aguentei, me deixando chorar amargamente.

- Não. - Olhei para ela. - Eu nunca quis a deixar Liese. Nunca. E você sabe disso. Naquele dia eu fiquei magoado com você. Do mesmo jeito que eu quebrei uma promessa, você também quebrou. Você havia prometido que ia confiar em mim, não importando a situação e não confiou. Eu estava bem Liese.. Não bebia desde Paris. Sim.. eu fraquejei. Eu passei mal como você disse naquele dia. Mas nada foi pior do que te ver daquele jeito. Você pensou que eu também estava chateado? Não. Você simplesmente disse e saiu. A principio iria atrás, mas achei melhor não. Eu precisava de um tempo Liese, para pensar, longe de tudo.. Então Mery e Eu viajamos naquela noite. E quer saber? Foi bom. Eu consegui por a cabeça no lugar novamente.. Eu procurei ajuda médica para tentar me livrar disso, sabe porque? Porque eu queria que a minha noiva sentisse orgulho. E pensei que ela estaria bem quando chegasse.. Eu sei que o fato de você estar assim. - apontei para Liese. - É culpa minha. Mas eu tentei Liese, e estou tentando. Eu não pus uma gota de álcool na boca, e também não senti vontade. Pensava somente em você e nos bebês porque queria voltar logo para me juntar a vocês. - disse a encarando. - Eu sei que você vai continuar chateada mesmo com tudo o que acabei de falar mais tudo bem. Eu não desisto fácil, e a prova disso está no fato de eu ter te procurado por mais de dez anos. -

- Você realmente não pensou no quão o que Meredith fez me afetou naquela hora... Por que não era o seu pai! Não era a sua família! E não era a sua vida arrancada de você simplesmente do nada! - Tentei secar as lágrimas com as mãos. - Eu confio em você! Naquele dia quando Meredith disse que você poderia estar bebendo eu disse que não por que eu confiei na sua promessa! Você não imagina a vergonha que eu passei ao ver que toda a minha confiança foi em vão! Estou feliz por você ter se tratado, por ter colocado a cabeça no lugar. Mas, o que me irrita... É saber que você não teve a mínima capacidade de confiar que eu iria lhe compreender....- Terminei entrando de novo no apartamento.

Ela fechou a porta sem me deixar responder.

- O segredo não era meu Liese, mas eu já havia tentado te contar isso duas vezes.. Uma delas foi quando voltamos de Paris. - suspirei. - Você não confiou em mim e eu traí sua confiança.. E você acha que o melhor jeito de resolvermos isso é dessa maneira? Eu falando e você fechando a porta na minha cara. Se você não quer mais nada comigo me diga.. Eu não irei insistir, só quero ter direito de ver minhas filhas e também não irei toma-las de você. Mas se você não disser.. Eu não vou desistir de você Elizabeth - disse mesmo sabendo que ela não devia estar ouvindo.

Do que ela tinha medo? Essa atitude infantil havia me irritado, e a dor de cabeça voltou com tudo. Sentei no chão ao lado da porta.. Não queria ir embora, mas doía tanto. Pus as mãos nas frentes dos olhos, os apertando. Eu poderia ficar aqui a noite inteira, não teria nada a perder.

- Por que você cismou com isso? Naquele dia eu estava tão afetada... A vontade que eu tinha era bater em Meredith ali mesmo... E-eu estava tão em choque que eu não sabia o que fazer ou falar... - Dizia encostada na porta, enquanto chorava baixo. - O que me irrita nesse momento... É que nós somos noivos! N-nós agora temos que resolver tudo juntos... Não com bebida ou uma viagem... Você diz que eu que não confio em você, mas, é mútuo... Você também não confia em mim... Não sei se você acha que eu sou burra ou ignorante ao mundo, mas, você não quer que eu lhe ajude com nada... E eu me sinto uma completa idiota por saber que você preferiu viajar para algum canto do que tentar se resolver comigo... Do que ficar comigo e com as nossas filhas...-

- Não foi apenas por isso que viajei. - Disse com os olhos fechados. - Tinha outras coisas a resolver Elizabeth.. Queria poder também ajudar Meredith, e passar algum tempo com ela e meus pais. Entende o porque de eu ter a levado dessa vez? Eu queria passar um tempo com eles, algo que nunca fizemos antes.. - suspirei - Me perdoe se eu não te avisei, e se te fiz achar que tinha a abandonado. Você sabe que eu nunca te abandonaria, mesmo que estivesse morrendo de raiva. Eu queria ter ficado com você e com as nossas filhas, mas você estava tão brava que..Eu só queria te deixar em paz. Pensei que quando voltasse estaria tudo calmo, e nós poderíamos conversar como duas pessoas normais, mas eu estava enganado Elzabeth. Olha o jeito que você prefere conversar comigo.. Nem parece que sou seu noivo, e sim um estranho que você pode largar de qualquer modo. Não tem coragem para me encarar e conversar. - abaixei a cabeça por causa da claridade das lâmpadas. - Eu vou ficar aqui até você arranjar coragem e sair para conversar. Não importa se forem horas, ou dias, eu estarei aqui. -

- M-mason eu... - Abri a porta hesitante, meus olhos ardiam e tinha certeza que estavam vermelhos na hora. Me senti tão fraca e idiota... - E-eu tenho medo que você faça algo assim de novo... Eu não quero ficar sozinha... Sem você. E-eu entrei em desespero, eu tive medo que você fizesse algo idiota, que fizesse eu ou nossas filhas sofrerem... Você realmente não entende não é? - Olhei para baixo.